Com este Salvo-Conduto, Paulo de Mello Bastos abre escaninhos em que arrumou 80 anos de uma existência plena, produtiva e intensamente vivida: o familiar e o profissional, comuns à maioria dos mortais, mas também o sindical e o político, usados somente por aqueles - inconformados, indignados e ousados - que, recusando-se a aceitar e deixar o mundo como os recebeu, se engajam, de corpo e alma, na luta pera torná-lo melhor. É evidente que isso tem um preço, que Mello Bastos pagou, inclusive com exílo e prisão. O comadante tem o que contar. E o fez sem meias palavras, de maneira direta e, não raro, contundente. É um direito que se concede, e também a nós, de todas as idades, para que, munidos dos salvo-condutos das nossas próprias vontades políticas, possamos, então, quando chegar a hora dos nossos balanços, empreender um vôo no tempo com a mesma agradável sensação de dever cumprido que impregna este depoimento.